3. Painel de Jorge Barradas

Jorge Barradas

Temática: «Elogio do conhecimento»
Técnica: Painel cerâmico concebido por Jorge Barradas e executado na Fábrica Viúva Lamego
Data: 1957
© Maria João Arcanjo – Photography
Painel cerâmico executado na Fábrica Viúva Lamego, onde o artista possuía um atelier. Em Junho de 1956, Raul Lino emitiu um parecer sobre o esboceto de estudo, mencionando que este estava acompanhado por uma nota explicativa do ceramista. Favorável à sua execução, louva a composição sugestiva e «de um colorido atraente», referindo que «se na técnica da execução o Autor tiver a felicidade que já lhe conhecemos de outras das suas obras, a Faculdade e o artista Jorge Barradas ficarão de merecidos parabéns». O painel prima pela rica composição iconográfica, remetendo-nos para um mundo onírico e algo obscuro, pontuado por nuvens e elementos arquitectónicos indefinidos. Povoam-no diversas personalidades alegóricas contempladas pelos estudantes, que atentamente assistem – «virtudes que por rarearem nos nossos meios universitários, não deixam por isso de ser muito a desejar». Mencionou ainda Raúl Lino que «ideias espirituais generosas opõem-se aos manejos (tão nossos conhecidos) que se desenvolvem na sombra»;…
… no centro, uma figura alada ostentando uma tocha, o «espírito do esclarecimento», combate uma personagem esverdeada de aspecto demoníaco, representação do «espírito mau da ignorância do obscurantismo». Predomina, pois, o espírito da vitória do Bem sobre o Mal, da Luz sobre as Trevas, que deve nortear a recta de conduta dos estudantes na senda do estudo e do incremento do saber.
Completando o conjunto de elogio e sapiência, três figuras femininas pintadas de branco, imagens da Cultura e da Civilização. A mais pequena, alada e segurando num livro aberto, representa a «curiosidade e a necessidade do saber»; de pé, uma figura de grande estrutura apresenta no cabelo uma pena e, em cada mão, uma esfera, com que pesando as opções e suas consequências, personificada a Inteligência; finalmente, do lado oposto, a Cultura, sentada, com um pé apoiado sobre vários livros, apontando para um livro aberto que ergue.
Jorge Barradas «inventou e fez», como o próprio inscreveu no painel, uma mensagem alegórica e de inspiração diária aos estudantes, pugnando pelo combate à ignorância, num interessante apelo cultural à concentração intelectual.


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